Panfleto fascista pede o linchamento de Lula
“Veja” desta semana traz uma capa criminosa, plágio explícito da revista americana “Newsweek” do dia 31 de outubro de 2011, publicada 11 dias depois da morte do ditador líbio
Por Jornalistas Livres
Sobre o original, da “Newsweek”, o ilustrador Edel Rodriguez escreveu:
“De todos os ditadores apanhados nas recentes revoltas do Oriente Médio, Muamar Kadafi é o primeiro a encontrar um final violento e sangrento. Foi isso o que me levou a achar conveniente que o rosto dele [na capa] parecesse derreter-se e sangrar .”
Sangue, decadência, desabamento… Aqui você vê os estudos de Edel Rodriguez para chegar ao resultado que acabou sendo publicado na edição internacional da “Newsweek”:
O paralelismo semiótico não deixa margem a dúvidas: a capa de “Veja” é uma incitação explícita ao linchamento FÍSICO de Lula, como o que aconteceu a Kadafi.
Uma outra capa que poderia ter inspirado “Veja”, caso seu intento fosse ater-se ao derretimento da imagem de Lula, para o qual tanto contribuiu o panfleto fascista hoje dirigido pelo (ex-) jornalista André Petry, seria essa, publicada na revista “Time” de agosto deste ano…
O uso da charge na “Time” e das cores preta e amarela (nada sendo vermelho, a não ser a moldura sagrada da revista) desqualificam qualquer intenção violenta. Referindo-se a Donald Trump, a cor amarela é a que mais convém a uma ilustração do homem loiro e com a pele sempre bronzeada em câmaras UV. Para completar, se dúvidas ainda pudessem haver, o letreiro diz “Meltdown” –Derretimento.
É bem diferente do sugerido por “Veja”/”Newsweek”.
Ressalte-se que é absolutamente singular a revista “Veja” publicar uma capa sem chamada.
Caso excepcional ocorreu em dezembro de 1968, quando da decretação do AI-5 (Ato Institucional Nº 5), que fechou o regime militar implantado em 1964 e calou o país.
Aqui a capa da revista, ainda sob a direção do grande Mino Carta:
A falta de chamada significava que o país havia sido calado à força. O general-ditador Arthur da Costa e Silva sentado no plenário da Câmara era a imagem que perfeitamente indicava o fim da independência dos poderes da República, o fechamento do Congresso, a suspensão de todas as liberdades democráticas e dos direitos… Tudo era silêncio e a capa de “Veja” era o eloquente testemunho mudo que o provava.
Trata-se de um silêncio em essência diverso do praticado na capa covarde do panfleto de agora: não fala porque é venenoso incitamento aos piores instintos da sociedade brasileira. Porque é fascista. Porque é linchamento.
Porque é “Veja”.
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