sábado, 4 de junho de 2016

A MORTE DE MUHAMMAD ALI

Pessoas incríveis - acima da média - tornam-se referências em vida e lendas após a sua morte. Muhammad Ali é uma destas. E isto acontece por dois motivos únicos: são excelentes no que fazem e deixam sua marca corajosa na história.
Meu irmão Renato me despertou para o boxe ainda menino. Ele era fã - e o é até hoje - de Éder Jofre, nosso maior pugilista. E eu também.
Renato ressaltava a importância do pai e técnico de Éder, Kid Jofre, na brilhante carreira do atleta brasileiro. Ele repetia uma história que levei para a vida.
Numa determinada luta, Éder, exausto, prestes a pedir para o pai jogar a toalha e assumir a derrota, parecia não ter mais forças para retornar. Kid Jofre olhou nos olhos trôpegos do filho e, imperativo, vaticinou: "Você vai lá, acaba com ele e vença essa luta."
Éder se levantou do corner, buscou suas últimas forças e nocauteou o adversário.
Foi assim quase sempre, menos em dois confrontos contra o japonês Masahiko Fighting Harada. Esta foi a maior frustração de nosso brilhante pugilista.
Não faz muito tempo, Lyoto Machida, campeão do UFC na sua categoria, ainda invicto, foi nocauteado pela primeira vez e perdeu o título mundial. No hospital para onde foi levado, machucado e magoado com a derrota, teve força interior para nos oferecer uma lição de vida: "agora sou um lutador completo, pois conheço a derrota".
Voltando a Muhammad Ali. Ele venceu muitas lutas e também foi derrotado como Éder e Lyoto. Foi um dos mais brilhantes campeões da história do boxe. Fora do ringue povoou a cabeça de jovens como eu que sempre admiraram pessoas com coragem de enfrentar poderosos.
Muhammad Ali. Foto: Divulgação
Renato e eu ficávamos hipnotizados diante da TV para assistir às lutas de Muhammad Ali. Foi assim contra Joe Frazier, em 1971, quando nosso herói perdeu. Cada um levou para casa a bolsa de US$ 2,5 milhões.
Torcemos muito para Ali recuperar o cinturão que lhe foi arrancado, porque ele havia se recusado a lutar no Vietnã. Mas Frazier foi melhor.
Em duas lutas incríveis, que também assistimos, em 1974 e 1975, nosso ídolo botou as coisas no lugar e venceu convincentemente.
Outra luta incrível foi contra o George Foreman em 30 de outubro de 1974 pelo título dos pesados, em Kinshasa, Zaire. Muhammad Ali venceu por nocaute. Numa luta que Foreman era tido como favorito.
Foreman, sete anos mais novo, havia conquistado o cinturão na temporada anterior, derrubando Joe Frazier seis vezes em dois rounds. Ali, que "bailava" nos ringues para achar o adversário e não ser encontrado, contra Foreman fingiu estar apanhando, e mais tarde aproveitou-se da exaustão do oponente o nocauteou com soco certeiro.
Nada venceu Ali, nem as derrotas na sua área de trabalho, nem o enfrentamento de peito aberto aos racistas, muito menos as autoridades que jogaram os Estados Unidos numa guerra insana, muito menos a doença de Parkinson que o perseguiu por anos a fio.
Ali foi maior do que tudo isso e por isso começa hoje sua nova trilha: a de lenda.
Se tudo o que escrevi nas linhas acima não se confirmar, pelo menos ele fez feliz dois brasileirinhos que saíram de um mesmo ventre, do mesmo sangue. E que dormiram muito tarde para assistir à arte de um homem corajoso que no seu ofício - e turbinado por seu talento - tornou-se instrumento contra a opressão que até hoje parece bicho solto por aí.
E ainda nos ensinou que é possível vencer o que nos aparenta impossível.
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